Vive-se um perigoso momento de turbilhão de insatisfações, descontentamentos e protestos, onde cabe tudo como numa cuba de coktail, agita-se, e dá mistela intragável ou néctar dos deuses. Nestes dias da fúria, será mister encontrar quem de bem com a vida se ache, mesmo que nada lhe falte no estômago e na algibeira, que na alma é desígnio insondável. Ao tsunami da propaganda governamental, soma-se o destino da oposição, e esta turba galopante da populaça que tudo põe em causa. Pessoas, instituições, democracia. Otelo delira para lá do costume, sonha com o 24 de Abril. E, com as mochilas cheias de razão, as criancinhas pequenas ou crescidas, choram pelos sonhos apeados, pelos chupa-chupas que lhes são retirados da boca, pela solidariedade inter-geracional perdida na voragem da demagogia e da irresponsabilidade. O espectáculo a que se assiste no País é deprimente. Portugal está sujo, nas paredes e na honra. Está pobre de valores éticos e morais, oh palavras malditas. É um Estado sem autoridade, trespassado por múltiplas quadrilhas que assaltam tudo quanto mexe, com caneta dupont ou metralhadora na mão. Salve-se quem puder. Isto está a saque. É um reino sem rei nem roque. Cheira a uma revolução que nunca chegará a ser, porque lhe faltam ideais. Está-se em estado rasca, a todos os níveis, ao ritmo rasca de uns palhaços medíocres ditos homens da luta a tentar fazer render a caricatura de uma alegoria miserável ao momento histórico mais importante de Portugal no século que passou. É agora, é hoje, que importa manter a serenidade e o bom senso. Pela democracia, pelo Estado de direito, pelo respeito pelas instituições, pelo pluralismo de opiniões, pela honestidade, pela meritocracia, pela descentralização regional, pelo sentimento de serviço público, pela integridade, pela segurança, pelos direitos humanos. 5 de Junho, sanção e solução. O caminho do futuro não se constrói pela via incendiária. Essa, é uma portagem que não estou disponível para pagar. |
Sem comentários:
Enviar um comentário